Este estudo parte da identificação do esforço de múltiplos atores na formação de uma rede agroecologista e a utilização do mercado como uma arena política para perseguir esforços emancipatórios por parte da rede. Os mercados agroalimentares são dominados por poucas corporações de atuação global e as ações emancipatórias envolvem a busca por modelos mais democráticos e soberanos, como por exemplo o modelo agroecológico. Dessa forma, toma-se o contexto da agricultura agroecológica como campo de estudo a partir de um estudo etnográfico em uma rede de agroecologistas do Rio Grande do Sul. As reflexões empíricas apontam a formação de uma lógica de produção e comercialização de alimentos dentro da rede que prioriza uma aproximação dos produtores aos consumidores, valoriza aspectos cívicos e democráticos de governança e busca promover uma crítica aos modelos hegemônicos. A formação da rede exalta que esforços de emancipação no mercado envolvem diferentes atores, para além dos consumidores, desenhando esforços de contestação dos modelos hegemônicos e agindo na construção de um sistema alternativo mais democrático e soberano. Os resultados permitem reconhecer, mesmo de forma limitada, o mercado como uma arena útil na construção de projetos emancipatórios.